Projeto usa intervenções artísticas para chamar atenção ao abandono do patrimônio arquitetônico de Manaus

História #35 do Imagina na Copa:

Lugares que o dia não me deixa ver

O projeto “Lugares que o dia não me deixar ver” leva performances de teatro, circo e dança para prédios e monumentos deteriorados da cidade de Manaus. O objetivo é chamar atenção para o estado de abandono de lugares históricos pelos quais a população passa no dia a dia, mas não percebe. No próximo mês, o projeto chega a sua 2ª edição. As fachadas de prédios que representam a memória da cidade vão ser palco e também personagem principal de intervenções artísticas.   

O professor e artista cênico João Fernandes, 35, criou o “Lugares que o dia não me deixa ver” a partir da reflexão de que a arte poderia ser usada com o propósito de resgatar a memória da cidade de Manaus. Segundo ele, “os artistas têm um papel importante para ajudar as pessoas a perceberem e buscarem a valorização da sua própria história e patrimônio cultural”. O festival foi batizado para chamar à atenção aqueles que diariamente partilham do mesmo espaço, olham para os monumentos, mas nem sempre os veem.

Na primeira edição, em 2012, foram escolhidos quatro espaços, que receberam intervenções. Muitas construções são do final do século XIX, quando a cidade de Manaus era conhecida como “Paris dos Trópicos”, devido a sua semelhança com a França e ao fato de ser uma das cidades mais desenvolvidas do país na época. São esses prédios, que apesar de continuarem erguidos, apresentam sérios sinais deterioração, guardam a história da cidade e incentivaram o artista a criar o projeto.

“Nosso compromisso diário com nossas atividades nos impossibilita de perceber esses lugares, mais ainda de tentar nos manifestar para sua preservação ou restauração. Sempre morei nos centros das cidades e percebo a importância  e a interferência direta na construção da identidade daqueles que ali vivem e pouco se relacionam com esses lugares”, explica João.

A segunda edição do festival começa no dia 2 de setembro. Em todas as segundas-feiras do mês, serão iluminados quatro lugares simultaneamente, totalizando 16 fachadas, acompanhados de 30 artistas, entre companhias de teatro, dança, circo e profissionais de performances.

Texto: Laís Athayde
Revisão e edição: Juliane Costa [jornalista e voluntária do Imagina na Copa]

Assista ao documentário que o Imagina na Copa fez sobre o Lugares que o dia não me deixa ver.

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