Impressora 3D: tecnologia made in Portugal

Publicado em 1/10/2014 por Isabel Pereira
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Peças industriais, artigos de decoração, roupas e até mesmo tecidos humanos – tudo isto pode ser recriado por uma impressora 3D! A nova tecnologia é apontada como uma das precursoras da 3ª Revolução Industrial e já é fabricada no nosso país.

3D impressoraEm 1984, o norte americano Charles Hull construiu a primeira impressora, que, em vez de tinta e papel, utilizava camadas de um material plástico para construir objetos. Após um período em que apenas era utilizada no contexto industrial, nos últimos anos esta tecnologia expandiu-se ao uso particular, “graças a uma explosão de projetos experimentais baseados em open-source” [ver glossário], refere Francisco Mendes,especializado em automação industrial e cofundador da empresa que criou a primeira impressora portuguesa a 3 dimensões.

A Beethefirst, impressora 3D “made in” Portugal, funciona como a generalidade das impressoras 3D modernas. O utilizador pode descarregar um dos modelos de objetos existentes em sites sociais ou “pode desenhar a peça no seu computador pessoal, num programa informático de modelagem 3D de seguida, usa um programa informático associado à impressora para carregar o modelo digital, escolher alguns parâmetros (tais como resolução e densidade) e dar a ordem de impressão”, explica Francisco Mendes.

A impressora utiliza um tipo de plástico normalmente usado nos eletrodomésticos (Acrylonitrile Butadiene Styrene) e um polímero biodegradável feito à base de milho (PolyLactic Acid – PLA) para construir o objeto. O “filamento de PLA é derretido e depositado na mesa de impressão por um bico extrusor através de movimentos específicos que lhe dão forma. Segue-se, depois, a impressão da camada seguinte”. Um objeto com o volume de um telemóvel pode demorar 30 minutos a ser impresso, enquanto um objeto com a dimensão de um livro de mil páginas pode demorar até 5 horas.

Desde as indústrias de ponta ao uso doméstico, passando pelas indústrias criativas ou pelo ensino, muitas são as aplicações possíveis da impressão a 3 dimensões. Recentemente, no “International Manufacturing Technology Show 2014”, foi lançado o primeiro automóvel totalmente impresso em 3D. O Strati é um carro elétrico, de dois lugares, e estará disponível para comercialização nos próximos meses [ver recursos]. Em 2007, o italiano Enrico Dini criou um aparelho capaz de imprimir estruturas de 6 metros por 6 metros, à base de areia e magnésio, para construir casas de forma 4 vezes mais rápida do que o habitual.

Investigação científica a 3 dimensões

No campo da investigação científica, esta tecnologia de impressão abre também novas portas. “A impressão 3D Desktop está a ser usada pelos investigadores na criação dos instrumentos laboratoriais, ajudando no desenvolvimento dos ambientes de teste”, salienta o especialista em automação industrial.

Este tipo de impressão permite ainda a criação de novos objetos de estudo. Exemplo disso, na área da medicina, são as próteses e os órgãos criados em laboratório. Em 2012, foi, pela primeira vez, implantada uma prótese fabricada por uma impressora 3D [ver recursos]. E, desde 2013, têm sido feitos estudos nos Estados Unidos da América com órgãos recriados em 3 dimensões, o que “permite acelerar o estudo de fármacos e patologias, recorrendo a modelos com características muito semelhantes aos exemplares naturais”.

Nos últimos 2 anos, a impressão 3D passou de tecnologia desconhecida a algo cada vez mais acessível às massas e, de acordo com Francisco Mendes, esta “revolução vai introduzir alterações disruptivas na sociedade nos anos que se avizinham”. Prevê que “os mais jovens terão acesso a impressoras 3D nas escolas, aumentando o desenvolvimento das competências de criação física; as pequenas empresas e os profissionais individuais reduzirão o tempo de desenvolvimento de novos produtos; e a generalidade das famílias terão acesso a estas impressoras em suas casas, descobrindo novas aplicações de lazer”.

A Beethefirst é, para já, a única impressora 3D portuguesa no mercado. Refira-se que o equipamento luso foi galardoado com os prémios “Best Consumer printer” e “Best Prosumer printer 2014” na feira internacional 3D Printshow, em Londres.

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