Software da Unicamp gerencia tecnologia em instituições de saúde

Data: Segunda, 28 de março de 2016 – em http://www.inova.unicamp.br/noticia/3891

Texto: Carolina Octaviano

Foto: Felipe Christi

O Software “GETS – Gerenciamento de Tecnologia para saúde”, desenvolvido por profissionais do Centro de Engenharia Biomédica (CEB) da Unicamp e em funcionamento desde 2010, possibilita a criação de um inventário padronizado de equipamentos odontomédico-hospitalares. Além disso, a tecnologia proporciona o acompanhamento do histórico completo destes equipamentos; o controle da aquisição de novos equipamentos, materiais e serviços; a integração de dados de equipamentos de diversas unidades de saúde; o gerenciamento de contratos de manutenção e do trabalho da equipe, entre outros benefícios. A tecnologia foi licenciada pelo Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP), órgão da Universidade Federal Fluminense (UFF) localizado na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro.

A tecnologia – baseada em uma estrutura matemática que permite a criação de novos indicadores de produção, custo  e acompanhamento, assim como o levantamento de alertas sobre comportamento inadequado de equipamentos individuais, grupos de equipamentos e setores da instituição – é capaz ainda de reverter a falta de um gerenciamento correto de tecnologias instaladas em instituições públicas de saúde, de acordo com o professor José Wilson Bassani, responsável pelo desenvolvimento do programa de computador. “O país não tem, atualmente, condições de saber a real situação da tecnologia médica instalada nos estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) da rede pública. Não se sabe onde se encontram e qual a distribuição por idade dos equipamentos, que tem impacto direto nos custos de manutenção e na previsão de renovação do parque. Mais grave ainda: não se sabe se estão em funcionamento contínuo ou interrompido por inúmeras paradas para conserto”, alerta Bassani.

“Tomamos conhecimento do GETS através de uma apresentação na UFRJ, solicitada pelo serviço de engenharia clínica da universidade. Posteriormente, contatamos a Unicamp, para vermos a possibilidade de utilização do sistema. Após resposta positiva, os responsáveis pela tecnologia vieram ao HUAP e fizeram uma apresentação para os diretores. A partir daí, começamos o processo de licenciamento e passamos a utilizar o GETS no hospital. Estamos muito satisfeitos e agradecidos à Unicamp pela tecnologia”, afirma Maurício Leão, chefe do serviço de Engenharia Clínica do Hospital Universitário Antonio Pedro.

Leão comenta que o programa de computador trouxe uma série de melhorias em termos de engenharia clínica, para o HUAP. “O software trouxe vários benefícios, principalmente na gestão de equipamentos eletromédicos, função da engenharia clínica. Desde a alocação e registro dos equipamentos, histórico de todas as intervenções, controle de técnicos e responsáveis pelas intervenções, agendamento de manutenções, facilidade de visualização de todo o parque de equipamentos, além dos relatórios que conseguimos emitir com facilidade. Considero o GETS o melhor software de gestão de equipamentos que já conheci”, comenta.

Tecnologia em prol da sociedade

Vale lembrar que o sistema, registrado em 2012, já está em funcionamento no Hospital Municipal Mário Gatti, em Campinas, desde 2013, ano seguinte ao registro do programa de computador. O desenvolvimento da tecnologia recebeu financiamento do Ministério da Saúde, reforçando o interesse dos mais de 10 mil estabelecimentos que compõem a rede pública de saúde do país. O intuito é que o GETS seja instalado em forma de licença nas instituições públicas de saúde a partir da assinatura de um convênio com a Unicamp, no qual se estabelecem as condições de implantação, a definição da estrutura operacional, os procedimentos e a capacitação de pessoal para aplicação da tecnologia e o termo de licença e utilização do sistema. O software é desenvolvido e mantido pelo LNGTS (Laboratório Nacional para Gerenciamento de Tecnologia em Saúde) criado no CEB com o apoio do Ministério da Saúde.

O professor frisa que o licenciamento não exclusivo do sistema para diversos estabelecimentos públicos é importante para cumprir o papel social da Unicamp. “O grande retorno para a UNICAMP, além de oferecer conhecimento novo à sociedade, é o banco de dados padronizado e estruturado que vem sendo gerado. O valor deste banco de dados é indiscutível para uso em pesquisa e ensino. Se o LNGTS se estabilizar com centenas de EAS conectados, haverá naturalmente o interesse de empresas em saber sobre o desempenho geral dos seus produtos e o exemplo de gestão poderá também ser adotado por hospitais privados”, avalia o professor

Na opinião de Bassani, a atuação da Agência de Inovação Inova Unicamp foi primordial no processo de licenciamento e também na interação entre a universidade e a instituição de saúde. “A Inova tem sido importante em vários aspectos: na orientação do registro de software, na criação de uma minuta padrão de convênio para interação da Unicamp com os EAS, na divulgação e na discussão de novos meios de interação com instituições interessadas”, defende.

O software também foi desenvolvido por Ana Cristina Bottura Eboli, durante dissertação de mestrado, e por Eder Trevisoli da Silva, analista de sistemas e funcionário do CEB e conta com uma equipe de desenvolvimento e suporte formada pelos analistas de sistema Wilson Bizinotto e André Donizette Coghi. As alunas Ana Carolina Silveira, Mariana Vilela e Natalia Oshiyama desenvolveram dissertações de mestrado, usando os existentes e buscando novos indicadores para serem implementados no GETS. Atualmente, o aluno de mestrado Daniel Duarte Dittmar estuda a aplicação do GETS em hospitais públicos.

Sobre o Hospital

O Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap) foi inaugurado no dia 15 de janeiro de 1951 e denominado Hospital Municipal Antônio Pedro, em homenagem ao clínico-geral Antônio Pedro Pimentel, um dos fundadores da Faculdade Fluminense de Medicina, que se destacou no estudo de doenças infecciosas. Atualmente, o HUAP é a maior e mais complexa unidade de saúde da Grande Niterói e, portanto, considerado na hierarquia do SUS como hospital de nível terciário e quartenário, isto é, unidade de saúde de alta complexidade de atendimento. O Hospital atende a população da Região Metropolitana II que engloba, além de Niterói, as cidades de Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, São Gonçalo, Silva Jardim e Tanguá. Sua área de abrangência atinge uma população estimada em mais de dois milhões de habitantes e, pela proximidade com a cidade do Rio de Janeiro, atende também parte da população deste município.

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