Após pausa, programa nacional de startups retoma com promessa de continuidade

Depois de dois anos suspenso, Start-Up Brasil volta acelerando 46 empresas

Gilberto Kassab lança nova etapa do programa Start-Up Brasil

O maior programa de aceleração de negócios do País, que conecta aceleradoras, entidades públicas e startups, está de volta. Após uma paralisação entre 2015 e o fim de 2017, o Start-Up Brasil voltou com um novo ciclo de aceleração, com 46 empresas. Para o gestor nacional do programa, Heygler de Paula, a iniciativa não corre o risco de ser interrompida em 2019 com o novo governo que tomará posse em janeiro.

O Start-Up Brasil foi criado em 2012 com a ideia de ser o grande programa de empreendedorismo do País. Com seleção tanto de startups como de aceleradoras de todas as regiões, o governo federal faz aportes nos empreendedores selecionados em forma de bolsas para pesquisa e desenvolvimento concedidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Porém, a iniciativa sofreu com cortes no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e foi congelada em 2015. Por mais de dois anos não houve novas turmas de aceleração, até que em agosto de 2017 veio o anúncio de retomada, com abertura de inscrições para aceleradoras e startups.

Falando a respeito do retorno e das expectativas em relação ao novo governo, o gestor nacional do Start-Up Brasil diz que não tem medo de uma nova paralisação. “Imaginamos que os ministérios vão pensar com prioridade, até por ser uma pauta positiva de imprensa e de desenvolvimento do País.”

Trajetória

Heygler, que também é o responsável pela parte de empreendedorismo na Softex, executor de políticas públicas do ministério, explica que o retorno do programa foi um movimento natural. O gestor prefere exaltar o lado inovador da iniciativa. “É a primeira vez que o governo coloca dinheiro em startups do jeito que esta fazendo”, diz.

O gestor nacional do Start-Up Brasil, Heygler de Paula

O gestor nacional do Start-Up Brasil, Heygler de Paula

Embora não tenha o retorno financeiro como objetivo, por se tratar de uma iniciativa de política pública, o governo federal realiza um aporte de até R$ 200 mil em cada startup. Porém, há um caminho de conexões com investidores privados antes de os empreendedores receberem essa verba.

Inicialmente há uma chamada de aceleradoras. Segundo Heygler, essa ação é fundamental para a validação privada dos projetos. Depois ocorre a busca e seleção das startups. São até 50 em cada turma.

Com as empresas nascentes e as aceleradoras definidas, aí ocorre a negociação entre as duas pontas, sem o envolvimento de ninguém da Start-Up Brasil. Só depois de os empreendedores terem suas ideias aceitas pelas aceleradoras entra o investimento da iniciativa governamental.

Ou seja, todas as startups que passam pelo programa obrigatoriamente precisam se conectar com uma aceleradora. A exigência, no entanto, não é restritiva em relação à região das empresas. Empreendedores do Norte, por exemplo, podem ser acelerados por empresas do Sul.

Após receber o investimento das aceleradoras em troca de participação, geralmente um pouco abaixo de 10%, ocorre a aceleração tradicional e o acompanhamento da equipe do Start-Up Brasil. “As empresas selecionadas poderão utilizar os recursos oferecidos pelo programa por até 12 meses, além de usufruir dos serviços e apoios da aceleradora com a qual se associarem”, explica Heygler.

Investimento

Embora o governo federal faça investimentos milionários (no último edital, de R$ 9,7 milhões), o programa conta com uma cifra adicional de investidores privados. De acordo com Heygler, a expectativa é que mais R$ 40 milhões sejam aportados por terceiros.

A turma 5 do Start-Up Brasil conta com 46 startups

A turma 5 (atual) do Start-Up Brasil é composta por 46 startups

Nas cinco edições do programa, contando a atual, que está em andamento, foram recebidas mais de 3300 inscrições e 229 startups foram selecionadas. O programa tem duração de um ano, mas por cinco anos os empreendedores são acompanhados pela equipe do Start-Up Brasil.

Embora a iniciativa não tenha como objetivo primário o retorno do investimento, esse fato ocorre em decorrência da geração de impostos e pagamentos de tributos. “As turmas de 1 a 4 foram responsáveis por mais de 1.200 empregos diretos”, diz Heygler. Ele enfatiza ainda que são  empregos de alto valor agregado.

Cases de sucesso

Entre as cerca de 180 startups que já tiveram seus ciclos de aceleração concluídos, a taxa de sucesso é motivo de orgulho para o gestor da iniciativa. “Cerca de um terço delas cresceram bastante, estão performando muito bem”, afirma.

Como exemplo mais recente, ele cita a última aceleração. “Só na turma 4 a gente observou que após um ano elas [as empresas]  tiveram crescimento de 137% de faturamento.”

Ainda que o foco seja no apoio às empresas brasileiras, algumas novatas estrangeiras, mas que atuam no Brasil, foram aceleradas. A empresa Aentropico, da Colômbia, que usa tecnologia para auxiliar varejistas nas tomadas de decisões, participou da primeira turma, em 2013.

Sistema de controle de lavouras permite prospectar clima, estado do solo e qualidade da safra

Sistema da Agrosmart permite prospectar clima, estado do solo e qualidade da safra

Já a AgVali surgiu na China e atua nas transações entre as empresas fornecedores de tecnologia agrícola e revendedores. Com escritórios em São Paulo, Nova York e Beijing, hoje a companhia atende sob o nome de InstaAgro.

Entre as brasileiras, outra agritech que se destacou foi a Agrosmart. A startup recebeu um aporte do fundo de investimentos da SP Ventures e foi acelerada pelo Google. Depois de passar pelo Start-Up Brasil, na segunda turma, em 2013, houve crescimento e hoje a empresa oferece seus serviços para outros países, como México, Colômbia e Israel.

Com um milhão de passagens emitidas no início deste ano, a MaxMilhas é mais um exemplo de empresa nascente que cresceu depois de passar pela iniciativa federal.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.