Projeto aposta na inovação cidadã e no trabalho em rede

25 JUN 2018 Por Rafaella Martinez em http://www.diariodolitoral.com.br

O casarão instalado no número 52 da Rua Sete de Setembro é sede do Laboratório Santista (LABxS)Foto: Rodrigo Montaldi/DL

 

O casarão instalado no número 52 da Rua Sete de Setembro guarda em suas paredes uma história de altruísmo e cidadania: foi ali que funcionou por mais de cinco décadas a Instituição Prato de Sopa Monsenhor Moreira. Após permanecer por cinco anos fechado, a fachada do imóvel ganhou cores, seu interior adquiriu um novo formato e outras pessoas transitam livremente por seus corredores. Mas sua função social de auxiliar a comunidade permanece inalterado: hoje o casarão é sede do Laboratório Santista (LABxS), ação que aposta na inovação cidadã e no trabalho em rede para melhorar a vida de pessoas ‘comuns’ na Baixada Santista.
Comum: palavra pequena e repleta de significados. De acordo com o dicionário, representa algo ‘do uso ou domínio de todos os de um lugar ou de uma coletividade’. Esse é o lema principal do coletivo criado em maio de 2016 e que fomenta ações em toda a Baixada Santista.
“Quando pensamos em inovação logo vem a nossa mente o Vale do Silício e uma tecnologia de ponta, mas entendemos que essa palavra significa que devemos usar o que temos, nossa força e criatividade para melhorar a vida das pessoas”, aponta Victor Sousa, coordenador de Comunicação do LABxS.
No espaço físico – ativo desde o final do ano passado a partir de um comodato com os donos do imóvel – diversas salas possuem uso coletivo sem pagamento de aluguel. A ação é baseada na ideia de que é possível ter uma moeda de troca que vai além do dinheiro.
Uma das principais ações do coletivo é oferecer, a partir de uma chamada pública, microbolsas para o desenvolvimento de ações. Os critérios de seleção dos projetos têm recortes de gênero, raça e território.
“Na última chamada tivemos inscrições manuscritas de indígenas e pescadores. A inovação cidadã não é caridade e sim um grande guarda-chuva capaz de potencializar ideias de agentes transformadores que com uma ação conseguem ajudar toda a comunidade”, conta a coordenadora de produção Marina Pereira.
“E o mais incrível é ver que o dinheiro é um adendo. Quando se tem um objetivo em comum e pensamento em rede, mesmo com pouco recursos é possível fazer coisas grandiosas”, complementa Victor.
Diversas ações de melhorias já foram pautadas pelo coletivo, dentre elas um sistema que informa por SMS a elevação das marés, evitando assim os prejuízos com as cheias na região; e a construção de uma máquina trituradora de plástico, que potencializa o trabalho de surfistas catadores do lixo marinho da praia de Itaquitanduva.
“Acreditamos na cultura livre e queremos que as ideias aqui semeadas ganhem vida lá fora. No fundo o que todo mundo quer é um mundo melhor e entendemos que a arte e o conhecimento são os caminhos para isso”, filosofa Victor.
De acordo com Marina,  não é incomum alguém tocar a campainha para pedir ajuda. “Continuamos trabalhando com pessoas em situação de vulnerabilidade, mas hoje ajudamos de uma forma mais lúdica e mais leve, sem necessariamente dar um prato de sopa, mas semeando novas ideias e pensando que podemos dar as mãos e construir uma nova realidade. Juntos”, finaliza.

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