Fred Gelli, uma das 100 pessoas mais criativas do mundo

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Fred Gelli foi eleito, recentemente, uma das 100 pessoas mais criativas do mundo pela prestigiada revista Fast Company. Conversar com ele é uma experiência e tanto. O papo passa por astronomia, biologia, neurologia e muitas outras formas de pensar e repensar o mundo, sem parar, frenéticamente. Faz tempo Gelli deixou de ser somente um designer para ser um “pensador” que tenta reimaginar tudo ao seu redor, o tempo todo. Nessa entrevista ele diz, por exemplo, que encara o futuro como um grande desafio criativo. “Precisaremos de ideias muito boas para sair da encruzilhada evolutiva em que a gente se meteu”, afirma. Foi um longo papo, via Skype, num dia qualquer como tantos outros em que ele esqueceu de almoçar. Mas o sorriso largo entrega a grande paixão pelo trabalho e pela vida, e a certeza de que nada, mas nada mesmo, é tão importante assim.

 

O que é ser criativo, afinal de contas?
Gelli
– Tenho pensado muito nisso, por várias razões. Estive em um evento do Otto Scharmer em São Paulo e falamos muito sobre criatividade. Acredito que a criatividade é, essencialmente, a capacidade de estabelecer conexões. E quanto mais estranhas as conexões que você estabelece, mais criativo você é. As conexões estabelecidas são feitas a partir de uma outra capacidade – que é a de observação. Primeiro se observa, depois se estabelece conexões. E o que permite estabelecer as tais conexões estranhas, mais ricas, mais inusitadas, é o seu repertório. É a sua forma de enxergar o mundo. Que você acumula ao longo da sua vida. Eu brinco muito com meus alunos, pensando sob a perspectiva do design – já que nós temos uma conexão muito forte com a inovação e com a criatividade: o designer é o cara que não conhece profundamente nada. E nem deve. Nosso olhar é sempre holístico, estamos sempre vendo as coisas de cima, e exatamente tentando descobrir quem conhece com profundidade as coisas, estabelecendo conexões. Quando bato na porta da FGV ou vou ao departamento de biologia da PUC e peço que me ajudem a pensar sobre como a natureza faz negócios, a reação é de imediato estranhamento em especialistas que nunca tinham pensado em juntar as duas coisas – economia e biologia. Inovação nada mais é que conectar o que não foi conectado. Gosto muito de imaginar também um grupo de homo sapiens há 500 mil anos atrás tentando abrir um fruto com uma pedra afiada e, a 500 metros dali, outro grupo tentando abrir outro com um pedaço de madeira. De repente um cara pega a madeira e a madeira, amarra ambos com um pedaço de couro e faz um martelo. O martelo é uma ideia tão poderosa e fez tanta diferença no nosso processo evolutivo – na maneira como nos defendemos, construimos abrigos – que continua existindo na caixa de ferramentas da estação espacial. Simplesmente se juntou duas coisas que já existiam numa única ferramenta: isso é inovação, isso é ser criativo.

As pessoas nascem criativas ou aprendem a ser?
Gelli
– Possivelmente existe uma pré-disposição que tem a ver com questões genéticas, hereditariedade. Tenho uma amiga que eu admiro que se concentra no trabalho com crianças entre 0 e 4 anos. Ela diz que essa fase da vida é determinante e é nela que 50% dos problemas psiquiátricos surgem. Ela fez uma pesquisa profunda sobre o tema. Todas as crianças nessa fase têm potencial de serem gênias. Pensam de maneira livre e as sinapses acontecem no cérebro como se estivessem fluindo numa floresta. O processo educativo acaba criando uma geometria estabelecida, como se abrisse clareiras e caminhos na floresta e as sinapses passasem a correr como se estivessem sobre trilhos – o que limita a dinâmica das conexões. Com certeza a educação é a base para contribuir e definir se uma pessoa vai ser criativa ou não.

Sua experiência na infância contrinuiu para tornar você uma pessoa criativa?
Gelli
– Acredito que existe uma dimensão genética, pois sinto isso no sangue. Que vem do meu bisavô italiano, o João Gelli, que começou a Casa Gelli em Petrópolis (Vivi em Petrópolis até os nove anos). Ele era um designer e tem a patente da primeira cadeira brasileira, que ele criou há 120 anos. Tenho uma no meu escritório. Meu avô também desenhava, pintava, meu pai, meus tios, tenho vários primos designers, como o Lourenço Bustani (que conquistou o mesmo prêmio da Fast Company há três anos). Há uma conjunção meio maluca de um sangue de artesão da família Gelli combinada ao lado da família da minha mãe, que tem uma bisavó quase índia. Minhas filhas agora estão entrando no Design e ambas são super criativas. E há um componente importante da minha história, um fator que potencializa muito a capacidade criativa, que é o contato com a natureza. Acabei extremando isso e chegando ao ponto de montar uma empresa, há 25 anos, fundamentanda nas inspirações que vem da natureza. A capacidade de enxergar o brilho criativo de tudo o que existe em volta, sob uma perspectiva quase que investigativa. Eu vejo uma libélula pousada e não consigo imaginar uma máquina mais precisa. Adoro astronomia, leio a respeito e entendo um pouco das dinâmicas cósmicas e penso que é absurda a potência criativa que existe em volta da gente, um playground de ideias, de cores, de misturas, de mecanismos, de sistemas, de estratégias. Fico vendo os documentários da BBC e penso que não há nada mais poderoso como inspiração para um criativo do que olhar para a natureza. Isso sempre foi muito presente na minha vida quando criança. Depois estudei na PUC Rio, e um dos meus projetos na faculdade foi entender como a natureza embalava coisas. A Tátil nasceu desse projeto. Olhar para as cascas dos frutos, da tangerina, da banana, para a barriga da mulher – são estes os melhores benchmarks que se possa imaginar na hora de criar uma embalagem. Essa ciência se chama biomimética, buscar inspiração na natureza para projetos de design, engenharia, negócios. Dou aula sobre isso há 15 anos na PUC, tenho uma bióloga no meu time, na Tátil, e usamos essa inspiração em projetos para a Natura, para a Coca-Cola, para a marca olímpica. Acredito muito nisso. É uma ciência pouco conhecida no mundo.

Então sua principal fonte de inspiração é a natureza?
Gelli
– Sim. Eu não preciso buscar inspiração de uma maneira formal. A natureza virou um oráculo para mim. Qualquer dúvida conceitual num projeto, ou num pensamento, ou escrevendo, me faz refletir sobre como a natureza “faria” isso? Outro dia eu conversava com um amigo sobre o lucro e como a avidez pelo lucro desestabilizou nossa economia. Fiquei pensando sobre o lucro na natureza. Na natureza o lucro é absolutamente legítimo e acontece dentro de um ecossistema em que cada organismo precisa do seu próprio lucro para existir. A diferença é que cada organismo defende seu lucro, mas há um saber mágico, uma consciência coletiva da teia da vida, que garante que todos lucrem, para manter o equilíbrio. Há um balanço sutil entre competição e cooperação. Lucro é legítimo na dose certa. O problema é que só queremos competir, e não cooperar.

Você tem algum ritual criativo?
Gelli
– Gosto de criar de qualquer maneira. Acredito em alguns princípios, como por exemplo: não acredito em inventar algo para alguém mas sim com alguém. Parece uma questão semântica, mas significa na prática que eu não conheço profundamente o universo de ninguém. Para que eu possa criar algo efetivo, transformador, preciso me envolver com esse universo, mergulhar nele. Acredito que toda solução está contida no problema, não adianta procurar fora. Há uma dicotomia interessante entre problema e solução. O meu processo criativo pessoal acontece a qualquer momento, a qualquer hora. Por exemplo: adoro pensar embaixo d’água, especialmente quando estou em alguma encrenca criativa. Vou para o mar e nadar embaixo d’água é terapêutico, limpa minha cabeça. A ideia de fazer a marca olímpica tridimensional veio num momento assim, em Ipanema, nadando, embaixo d’água. Olhando para as Cagarras (ilhas) e para o Dois Irmãos, fez todo o sentido ter uma marca-escultura, para uma cidade que é uma escultura. De alguma maneira apago o quadro negro e me coloco no lugar de antena. Outra coisa que faço muito é pegar um bloco de papel e desenhar à mão com caneta bic verde, com grafite. Gosto de espalhar minha coleção de pedras e conchas pela mesa, acendo uma vela – parece macumba – e desenho. Isso facilita meu processo. São pequenos rituais. Mas ideia para mim vem da capacidade de observar e estabelecer conexões. E isso acontece o tempo todo.

Há vantagens em criar em grupo? Criação colaborativa é produtivo?
Gelli
– Creio que há momentos para envolver um grupo grande, há momentos para trabalhar sozinho. As pessoas confundem um pouco esses momentos e ficam querendo fazer tudo coletivamente, e isso vai contra o princípio da otimização, que é um dos princípios básicos da natureza. Gera um desperdício muito grande de energia. Acredito muito, na Tátil, em construção colaborativa, e a criação da marca olímpica é um exemplo disso, pois colocamos mais de 100 pessoas trabalhando juntas. A marca só foi o sucesso que foi por conta disso, porque acumulamos a energia criativa de muita gente. Mas há o momento de fazer grupos menores, ou buscar o pensamento individual. A arte é combinar e equilibrar esses diferentes momentos.

E como fica a questão da autoria? Ela é importante? Como ela se redefine?
Gelli
– Isso está mudando muito. Essa dimensão da autoria está em cheque. Me lembro de uma conversa com o João Ciaco (Marketing da Fiat), que teve um projeto, o Fiat Mio, criado colaborativamente por 15 mil pessoas. Os processos de criação coletiva estão se espalhando pelo mundo, têm uma vantagem enorme. Os frutos que se colhe dessa nova dinâmica da criação colaborativa colocarão em cheque um determinado lugar de autoria. Continuaremos tendo os momentos solo de autoria, ela continua sendo importante, e precisa ser valorizada igualmente. São momentos diferentes. Não dá para imaginar um artista abrindo mão de sua história individual, de seu olhar para o mundo, para trabalhar apenas coletivamente. Precisamos evoluir, sim, do EGOssistema – como disse também o Otto Scharmer – para o ECOssistema, em que não se abre mão do próprio lucro, mas se tem interesse real no lucro do sistema como um todo, coletivo, porque entende-se que disso depende a saúde do todo, a de cada um. Tem a ver com a evolução da nossa espécie, num novo cenário.

Como você diferencia criatividade de inovação?
Gelli
– Inovação está diretamente ligada à criatividade. Vejo inovação como resultado do processo criativo. Inovação para mim é simplesmente essa capacidade de observar e estabelecer conexões. E a dinâmica de conseguir fazer isso é a criativa. É claro que há inovações incrementais, outras que são disruptivas, pode-se ser criativo de muitas maneiras e níveis. Pode-se ser criativo no jeito de falar com seu filho, ou para fazer um foguete. Há doses, naturezas, dinâmicas particulares dentro do processo criativo e o resultado me parece ser a inovação também em graus, naturezas diferentes. Fiz um trabalho recentemente com um grupo: pegamos os 3,8 bilhões de anos em que existe vida no planeta e tentamos estabelecer quais foram os momentos de inovação incremental e disruptiva nessa história. É interessante porque se enxerga exatamente momentos disruptivos, revolucionários que fizeram toda a diferença. O sexo, por exemplo, foi uma grande invenção: a capacidade de misturar informação que nunca foi misturada antes. Se você convertesse esse tempo todo – 3,8 bilhões de anos – em um ano, e dividisse em meses, a vida começou em fevereiro e até agosto foi muito básica. No segundo semestre a coisa mudou completamente. O sexo foi inventado em setembro. Em novembro e dezembro, tudo aconteceu: mamíferos, anfíbios, répteis, plantas terrestres, porque abriu-se um canal, um caminho para que a informação se misturasse, e a diversidade reinasse no planeta. A força da vida depende da diversidade. E por aí vai. A inovação acontece o tempo todo, nos momentos mais simples. Quando um brasileiro pegou um facão, abriu o coco e cortou aquelas abinhas que ajudam a raspá-lo por dentro. Super inovação.

Como você escolhe as pessoas para trabalhar com você?
Gelli
– Sempre garimpo os melhores alunos na PUC para a Tátil. As pessoas que me interessam são aquelas que têm brilho no olho, são vibrantes, tem energia. Valorizo muito a capacidade de estabelecer conexões, então são pessoas que articulam. Adoro os alunos que me desafiam, me estimulam a provar o que estou defendendo. O designer é um sujeito que tem que ter um repertório muito vasto, tem que se interessar por arte, por exemplo. Aliás a arte é outra fonte de informação importante para mim. Não vejo livros e revistas de design. Nunca vi na vida. Temos uma imensa biblioteca na Tátil, mas há livros ali que nunca olhei porque sempre considerei um tipo de inspiração encadernada. Meu processo criativo é outro, surge de uma alquimia que tem a ver com observação e a arte sim, para mim uma fonte muito poderosa. Ano passado fui à Bienal de Veneza, fui à Documenta de Kassel, vou a eventos de arte muito mais do que de design. Por isso valorizo quem tem conexão com a arte e faz outras coisas. Gente que pensa.

O que você faz quando não está trabalhando?
Gelli
– Eu adoro esportes na água: pego onda, faço windsurf, velejo. É terapia para mim. Toco piano, percussão, sou autodidata, sempre teve piano na minha casa, é algo intuitivo. A música é uma fonte de inspiração poderosa, também. Sou fascinado pela cultura japonesa, estive lá no ano passado. Gosto de fazer ikebana. Tenho vários projetos e em breve coloco de pé um que mistura meus diferentes interesses – música, design, arte, dança.

Você faz terapia?
Gelli
– Sim, faço terapia também, uma vez por semana, com uma pessoa bem alternativa. Faço há uns cinco anos. Estou desenvolvendo uma prática espiritual também, que para mim é uma coisa nova, e que surgiu com muito poder e se tornou muito importante nesse momento.

O que você tem visto por aí?
Gelli
– Vi um filme há algumas semanas que fiquei encantado, A Grande Beleza. Me marcou muito, tem uma dimensão estética incrível, as câmeras que se movem de forma a parecer que cada instante é tridimensional. Revela essa multidimensão do tempo, algo contundente em relação à insignificância humana. O personagem principal coloca o tempo todo isso, que nada é tão importante, e tem uma relação quase melancólica com a existência. Isso me marcou muito. Nos dias seguintes ao filme cheguei a me vestir como o personagem. Um livro que reli foi “Sidarta”, um livro fininho que li na adolescência. Me emociono muito com esse livro, é muito poderoso, uma concentração de sensibilidade, muito especial. Vi uma exposição linda na Casa Daros, do argentino da década de 60 Julio Le Parc, que foi muito marcante, também. Ele trabalha com luz e movimento e tem uma simplicidade poética.

O que você faria se não fosse designer?
Gelli
– Seria biólogo, facilmente. Estou com muita vontade de estudar biologia. Acho que não há nada mais incrível para se fazer no planeta do que estudar a vida. Para mim isso é muito criativo. Já faço isso, leio tudo o que posso, mas adoraria me aprofundar.

Você tem pessoas que te inspiraram muito ao longo da vida?
Gelli
– Uma pessoa fundamental na minha história e que sempre cito como guru é a Ana Branco. Ela foi minha orientadora em quatro projetos na PUC, é professora, completamente alternativa. Dá aula numa tenda com uma fogueira no centro, e foi ela quem me provocou a olhar para a natureza como fonte de inspiração. Ela fez todas as provocações que deram origem à Tátil. Continuo consultando ela inclusive para a minha vida pessoal, é a única pessoa que eu conheço, no mundo, que não gera nenhum lixo. Só come coisas cruas, não tem fogão nem geladeira em casa, não compra nada industrializado. Ela é muito ligada em alimentação, fomentou a onda do suco verde, diz que o processo criativo depende de uma alimentação criativa. É muito xiita, radical, claro, e eu sempre soube interpretar o que ela diz, e não mimetizar. Acho as conexões que ela faz muito surpreendentes, inusitadas. Ela me ensinou o design thinking há 30 anos, muito antes do conceito existir. Hoje ela dá aula para a minha segunda filha. Continua na PUC. Meu avô paterno também foi uma pessoa muito importante para mim, há muito dele e do meu pai em mim como referência, inspiração, herança genética. A Patrícia (Pinheiro), que foi minha mulher por 30 anos e continua minha sócia na Tátil também foi muito importante no meu processo de realização. Sempre fomos uma dupla imbatível. A Tátil nasceu da nossa conexão. Separamos há dois anos, e está tudo certo.

Como você se enxerga no futuro?
Gelli
– Há uns cinco anos comecei a me fortalecer e a colocar meu olhar criativo numa direção de pensar no futuro, a relação com o mundo físico, o mundo dos negócios, as relações entre as pessoas. Me distanciei um pouco da dimensão mais do design em si. Continuo envolvido nos projetos da Tátil, mas fundei com o futurista Dhaval Chadha e a uruguaia Florencia Estrade o projeto Cria, uma consultoria de inovação na área de negócios de valor compartilhado. Só nos envolvemos com projetos que vão gerar impacto positivo em qualquer nível: negócios, nada de ONGs. Falo de empresas que querem transformar sua presença no mundo em algo que gere valor para o ecossistema. Para mim este é o futuro dos negócios em quem não fizer isso vai perder relevância. Isso abriu muito minha cabeça para outras áreas. Depois fundamos a Pipa, uma incubadora de novos negócios com o mesmo filtro da Cria. Cria e Pipa não são empresas tradicionais focadas em lucro, mas têm a missão de gerar valor para todo o ecossistema do qual fazem parte. Somos OP – “outra parada”, nossa brincadeira interna. Reunimos cerca de 40 pessoas de tempos em tempos para falar. Me vejo muito me deslocando do lugar do design propriamente dito para algo mais político, e colocar meu olhar de designer a serviço da construção de um futuro desejável (que é o que a filosofia da Tátil). Me imagino atuando como consultor, conselheiro em questões ligadas ao grande desafio criativo que temos pela frente, que a humanidade tem pela frente. Me vejo parte de grupos de pessoas que pensam o futuro. Que tentam pensar em alternativas. Encaro o futuro como um grande desafio criativo. Precisaremos de ideias muito boas para sair da encruzilhada evolutiva em que a gente se meteu.

A escolha para entrar na lista das pessoas mais criativas da Fast Company de certa forma já te posiciona nesse lugar, certo?
Gelli
– O legal dessa lista da Fast Company é que é uma lista muito diversa. Tem pessoas de todas as áreas, como a princesa da Arábia Saudita que é CEO de uma empresa que convoca mulheres para trabalhar e tem a potência de transformar a realidade social do país dela. Tem um secretário de transporte do Governo americano, escolhido pelo trabalho na área de transporte público nos EUA. Tem um brasileiro, o Mauro Queiroz, do Google, que trabalha em Mountain View e desenvolveu uma TV a cabo com aparelho de 35 dólares, algo totalmente disruptivo. No meu caso, destacam a capacidade e o olhar para a natureza como fonte de inspiração, que é a origem de tudo, como tudo começou há 25 anos. Achei interessante a Fast Company valorizar o que foi a semente de tudo. Em um certo sentido isso me deu conforto por validar, reconhecer um olhar, um caminho, tanto tempo depois. Isso me fortalece e me dá mais energia nessa direção. Depois vem um sentimento de responsabilidade por representar o Brasil e fazer jus a esse reconhecimento. Mas sinceramente, pode parecer meio demagógico, mas não fico muito envaidecido. Como gosto de astronomia, gosto de lembrar um episódio recente: havia na contabilidade da astronomia global a crença de que existiam no cosmos 300 sextilhões de estrelas. No ano passado, descobriram que de fato são 600 sextilhões de estrelas. É o dobro. De uma hora para outra, nos tornamos 50% mais insignificantes. Quando penso nisso, penso que nenhum problema é tão grave assim e nenhuma honraria é tão importante assim. É um sentimento que relativiza tudo, diminui o peso das coisas. Eu realmente encaro a vida assim. Enxergo a efemeridade de tudo. Quem sou eu? Que bobagem…

http://colunas.revistaepocanegocios.globo.com/mundocriativo/2014/06/10/gelli-a-natureza-e-um-playground-de-ideias/

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