‘Cérebros tecnológicos’ do Amazonas são exportados para a Europa

Com a exportação na forma contemporânea, profissionais amazonenses da tecnologia prestam serviços sem sair de casa

 
| Foto: Divulgação

Manaus – Vale do Silício (EUA), Irlanda, Alemanha e África do Sul. Esses são alguns dos destinos para onde estão partindo ‘cérebros tecnológicos’ formados no Amazonas. Entre as áreas demandadas pelo mercado nacional e internacional estão Ciência da Computação, Tecnologia da Informação e cursos de Engenharia em diferentes especialidades. Para representantes da área, esse cenário evidencia a qualidade da formação dos acadêmicos na região.

“Há diversos alunos que estão trabalhando em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Outros estão no Vale do Silício nos Estados Unidos, outros na Irlanda, Alemanha, até na África do Sul temos ex-alunos. Isso denota a qualidade dos nossos alunos que não deixa a desejar”, comentou o professor e pesquisador do Instituto de Computação (Icomp) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Raimundo da Silva Barreto.

Em tempos virtuais, o diferencial desse mercado é a possibilidade do atendimento às demandas à distância. “A exportação desses profissionais acontece só que de uma forma mais contemporânea: com a facilidade de trabalho home office, você consegue trabalhar para uma empresa europeia, ganhando em euros sem sair de casa”, explicou o engenheiro elétrico graduado pela Ufam e CEO da startup Communy, Pedro Cavalcante.

Um dos fornecedores deste celeiro baré tem sido o Icomp da Ufam. “Estamos formando uma boa geração dos profissionais de computação amazonense, em termos de formação na área, estamos muito bem servidos”, garante o docente. Ciência da Computação, Design, Engenharias da Computação, de Software, Elétrica e Mecânica são os núcleos de formação dessa valiosa mão de obra.

Fora os cursos de graduação da universidade, há ainda a capacitação especializada por meio do mestrado em Informática e o doutorado – oferecidos desde 2003 e 2008, respectivamente. “Ambos estão classificados com o nível 5, onde 7 é o máximo, denotando que o nosso Programa de Pós-Graduação é um curso de excelência reconhecido. Aliás, é único curso de pós-graduação com nível 5 da Ufam”, comentou Barreto.

Centros de tecnologia e startups absorvem todos os profissionais dessa área que saem da universidade | Foto: Divulgação

Academia e PIM ainda afastados

Apesar dos bons resultados desse mercado, ainda há o que melhorar. O reforço na defesa do surgimento de novos programas de pós-graduação e ao crescimento dos programas já existentes; apoio para a publicação de artigos nacionais e internacionais; a falta de laboratórios com equipamentos apropriados para pesquisa e a ausência de apoio para intercâmbio de pesquisadores no exterior são alguns dos pontos a serem aperfeiçoados.

“Ainda falta uma aproximação maior entre a indústria e a universidade. A ideia é que eventuais problemas e dificuldades da indústria possam ser resolvidos pela universidade,. Pra que isso ocorra, basta fazer um convênio de cooperação técnico-científico, uma vez que a vocação da universidade é o ensino, pesquisa, extensão e inovação. Há muito o que universidade e indústria podem se beneficiar, dentro do conceito win-win”, opinou o professor. A expressão representa a conquista de vantagens para todas as partes envolvidas.

O caminho inverso também ocorre. Profissionais de outras partes do mundo como indianos e norte-americanos têm ocupado postos de trabalho em centros e institutos da região. Apesar desse fluxo, há ainda uma forte carência de mão de obra no mercado. Essa questão foi abordada em junho, pelo EM TEMPO, quando publicoi reportagem sobre o Polo Digital.

“O Sidia [Instituto de Ciência e Tecnologia], que tem hoje quase 1 mil colaboradores, já teve um déficit de 200”, exemplificou, na reportagem, o CEO do Tewa e professor Euler Menezes. Entre as áreas com alta demanda por essa promissora matriz econômica estão Tecnologia da Informação, Ciência da Computação, Engenharia da Computação, Análise de Sistemas, Arquitetura de Softwares, Design de Interface Digital, Design Gráfico, Gerência de Projetos, Marketing Digital, Ciências de Dados.

Outros captadores de mão de obra, são o Instituto de Desenvolvimento Tecnológico (INDT), o antigo Instituto Nokia; a Fundação Paulo Feitosa (FPF Tech) e a Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi). Também são centros de absorção desses profissionais startups como Teewa, Trocados, OniSafra, Communy, Resíduum e Meliuz.

Antes formados para à demanda do Distrito Industrial, esses acadêmicos são hoje responsáveis não apenas por preencher os postos de trabalhos desses centros, mas também fundam startups. “Com a incerteza da Zona Franca, as universidades continuam a formar, mas agora para outros setores, onde podemos citar startups e empresas de tecnologia”, disse Cavalcante.

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