Ilha do Silício: Florianópolis desponta no mercado nacional como referência no setor de tecnologia

Por Kíria Meurer, NSC TV – 

Confira o primeiro episódio da série

Florianópolis manda muito bem quando o assunto é inovação, tanto que concentra o maior percentual de startups do Brasil, levando em conta o número de habitantes. Está na frente até de São Paulo. A cidade acabou de ganhar o título de capital com o maior potencial de desenvolvimento de novos negócios dentro da economia criativa, que envolve setores como moda, entretenimento, esportes, eventos e é claro, tecnologia.

Nessas novas empresas tem muita gente pensando fora da caixa e transformando as mais diversas ideias em soluções. Essa fartura de negócios na área da tecnologia é resultado de um trabalho que começou há três décadas, quando a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) criou o primeiro centro tecnológico da ilha. Mas nos últimos anos o negócio acelerou, conforme o presidente da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate), Daniel Leipnitz.

” 50% das empresas do nosso ecossistema foram criadas nos últimos cinco anos. Tem um potencial enorme de crescimento, porque cada vez mais as pessoas e a sociedade vem procurando alternativas pra melhorar a qualidade de vida, otimizar as empresas, produzir mais com menos, então faz todo sentido que este setor cresça cada vez mais”.

Aplicativos

No Brasil, um único agente de saúde cuida, em média, de 500 pessoas. E registrar tudo dá um trabalhão danado. A agente de saúde do estado de Goiás, Romilda Monteiro dos Santos, perdia em média cinco dias por mês só para transferir as informações do papel para o computador. Um aplicativo facilitou muito a vida dela.

“Eu digo que foi uma revolução na verdade. Ao armazenar informações em papéis a gente acaba perdendo. Não é tão preciso, assim, porque é tudo, assim, na caneta. O tablet, a consolidação é muito mais precisa”, disse.

Além de organizar as informações, o aplicativo ajuda a monitorar e mapear a população de risco. A ideia nasceu em Florianópolis. Foi a startup do Pedro Marton Pereira que ofereceu uma solução para este antigo problema de saúde.

“Aquele diabético que está descontrolado, uma gestante que não fez o pré natal, uma criança que não tomou vacina em dia. Eles conseguem hoje com o uso da tecnologia, visitar de três a quatro vezes mais pessoas num mês porque, antes, esse processo era feito no papel e de forma manual”, explicou Pedro.

Em 10 estados brasileiros, 23 prefeituras já usam o aplicativo, o nome disso: inovação.

“Todo mundo ganha. O agente de saúde faz o seu serviço mais rapidamente, com isso ele consegue fazer mais visitas e a secretaria de saúde nós conseguimos fazer um planejamento de toda a situação da saúde da população, desde campanhas de vacinação até planejamento de atendimento da população”, disse o secretário de saúde de Silvânia (GO), André Calaçia.

Aceleradora

A startup do Marcos Muller é o que se chama de “aceleradora”. Ela fica de olho em boas ideias e financia projetos como o do Pedro.

“Um excelente projeto é aquele projeto que, de fato, resolve o problema real do mercado de forma mais rápida, de forma mais barata, de forma mais eficiente, e é muito do que tá precisando em quase todos os setores da economia, né ? “

Na hora de escolher em quem investir, mais até do que uma boa ideia, Marcos avalia a força de vontade do empreendedor.

” É algo que a gente encontra, por exemplo, nos atletas de alta performance, aquela vontade de fazer, que é algo quase irracional que fica jogando ele pra frente. Então, muitas vezes, não é necessariamente a experiência ou o conhecimento, quando essa pessoa tem, de fato, essa vontade por fazer nada impede e esses são os melhores caras que a gente tem no portfólio.”

“Então, executivos que estariam no eixo Rio, São Paulo ou em outros lugares do mundo começam a querer ficar em Florianópolis para empreender nestas empresas. Para quem está procurando emprego na área não existe discriminação de sexo, homem, mulher, nem de idade. Quanto novo, quanto velho. O segmento precisa dessa diversidade e precisa de todo tipo de profissional”, disse o presidente da Acate.

Centro de Inovação Acate- Primavera, em Santa Catarina, começou a surgir na década de 1980  — Foto: Divulgação

Centro de Inovação Acate- Primavera, em Santa Catarina, começou a surgir na década de 1980 — Foto: Divulgação

Empregos

São 2 mil vagas no setor. Só numa empresa a média é de 100 novas oportunidades por mês. E quem pensa que é emprego só para feras na computação, se engana.

“A nossa empresa tem apenas 32% dos profissionais com formação na área de tecnologia. Além destes profissionais é fundamental que tenhamos profissionais multidisciplinares que conheçam a atividade finalística que nós vamos informatizar, por exemplo, médicos, engenheiros, advogados, administradores, designers”, falou o diretor da empresa, Moacir Marafon.

Para quem está lá na universidade, ou mesmo no início da carreira, de olho nesta onda tecnológica, vale a dica.

“Tu precisa se especializar em resolver problemas, tu tem que ser criativo, tu tem que ser interessado e curioso, isso tu pode ter em qualquer uma das profissões” afirmou Daniel.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.